Longe vai o tempo em que
conseguia escrever alguma coisa de jeito sabes? Mas parece que chegámos
novamente àquela altura do ano. Àquela altura em que, por mais que eu queira,
uma aura escura se abate sobre mim e me contamina os dias, como se em vez de
Verão estivéssemos a caminhar para o Inverno all over again. Aquela altura do ano em que, por mais anos que
passem, por mais bloqueios que eu tenha ou que por mais feliz que eu esteja tu
ressurges, como um alarme que tem as horas programadas para tocar. Sim, estamos
naquela altura do ano outra vez. Naquele rodopio de pessoas, exames e noites
mal dormidas, naquela correria de sonhos e tropeços, porque sim, nesta altura
do ano por qualquer via que eu vá tu hás de aparecer, já é instintivo. Tu vives
em mim, surges sempre, há sempre algo teu em cada pessoa que me aproximo porque
no fundo, ambos sabemos que qualidades nunca te faltaram e inconscientemente as
procuro em todas as pessoas que cruzam a minha vida. Sempre dizem que a
primeira é para a vida, embora que nós com aquela idade nunca acreditemos muito
nisso, a vida são 2 dias e o Carnaval são 3, como é que um namoro aos 15 pode
significar uma vida inteira? Blá blá, estou a querer enganar quem? Tu estás cá,
parece que nunca saíste. Parece que estamos numa espiral, parece que tudo volta
a acontecer, mesmo que seja com pessoas diferentes. Parece que me prendeste,
que estou aqui encalhado a ver o mesmo filme all over again, a saber o final e não conseguir fazer nada para o
evitar. Não basta destruíres-me uma vez, o karma
é fudido. Sim, eu disse-te que te ia ver um dia. És a representação de todo
o meu passado e hás de aparecer em cada parte do meu futuro, e embora corra no
erro de me repetir, tudo o que de bom me deste será tudo o que de bom me dão,
porque bom ou mau, sempre foste como algo criado para mim, como se todos os
meus desejos e necessidades tenham sido pedidos num menu feito à medida.
Arrependimento nunca foi faceta minha, arrepender-me para quê? O que está feito
feito está, se não fosse a mais mínima coisa não estaria onde estou hoje, não
seria nem metade do que sou hoje, e acredites ou não, apesar de no passado não
ter acontecido, já há muito que estás resolvida. O viveres em mim e apareceres
representada em tudo o que me rodeia não é necessariamente mau, só prova isso
mesmo, se fui capaz de te superar e sou agora capaz de reconhecer traços teus
em mil coisas e viver bem com isso, é porque já atingi o equilíbrio que sempre
nos faltou. Faz hoje exatamente 3 anos desde a última vez que te escrevi.
Sempre quis ser cego e mudo neste dia para não ter que despejar, mas para quê
evitar? Já me cansei de fugir dos problemas como se fosse demasiado mau passar
pelo mau para atingir o bom, mas não é assim que vale a pena? A vida é feita de
superações, está na hora de fazer mais uma. E agora, que finalmente saltou para
fora, está na hora de partires também. Porque aquele traço que há bocado achei
teu, já não tem de ser “teu”, pode ser de quem o tem de facto, porque tu já não
és o centro, já não tens que ser nada. O mundo é para os independentes, está na
hora de saltar.
…and this life is
really kinda hard, but what i am getting through it makes it all worth it.