28.2.09

Muro. :)

Inspiro suavemente o ar frio que vai entrando nos meus pulmões. Até está um dia agradável, não estivessemos em pleno Inverno e tudo estaria como deveria estar. Sentei-me á beira de um muro, com aspecto velho e seco, aquele muro onde em criança jogava á apanhada ou até tentava escalá-lo, numa daquelas aventuras de meninos pequenos. Eu gostava de ter ficado como o muro. Mas eu cresci, já sou maior que o muro, que agora presiste ao tempo, nunca mudou, manteve-se intacto, pela chuva, pelo vento e até pelo sol quente que se instalou. Às vezes gostava de ser assim, capaz de suportar tudo, até as piores situações, capaz de ser sempre o mesmo, nunca mudar, embora seja isso o que me aconteça. Seria capaz de não tropeçar em tudo como eu faço sempre, evitava partir o coração, evitava sofrer tanto como faço agora. Tenho medo de perder as pessoas, até as mais próximas, e quando isso acontece, é como se começasse do zero, tudo de novo. Tremo só de pensar nisso. Sei que só aprendemos depois de carregarmos muitas vezes na mesma tecla, mas embora eu aprenda á primeira, as feridas que ficam não saram e o tempo trata de me ferir ainda mais, nem deixa cicatrizar, como as feridas que fazia naquele muro seco, agora coberto de musgo e com ar cada vez mais antigo. As crianças são tão livres de preocupações, o problema é quando crescem. O tempo passa, o vento muda, o muro fica, a chuva molha, o sol aquece, as pessoas mudam, o mundo gira, a página avança, as feridas ficam.

Por vezes gostava de ser diferente. [28 Fevereiro 2009]